sábado, 30 de maio de 2015

Justificativa

Já tentei várias vezes criar um blog. Já tive um de coisas soltas de adolescente. Um de artesanato. Um voltado para adolescentes cristãos e um, que nasceu como uma brilhante ideia, mas que no final das contas virou apenas um layout bonitinho sem nenhum post significativo (cá entre nós, nenhum post mesmo!! hahaha)

Desde que me entendo por gente gosto de escrever (e por isso já quis ser jornalista). Gostava das aulas de português (que não nada mais eram do que aulas de redação, graças a professora carioca que achava que redação era tudo na vida!) e desde sempre ando com um caderninho ou bloco de anotações dentro da bolsa (aliás, tenho neura com cadernos, blocos e canetas, não sei explicar, mas simplesmente amo esse tipo de coisa!).

Durante meus últimos anos da escola freei um pouco a quantidade de coisas que escrevia por escrever e passei a me interessar especialmente pelo que uma amiga escrevia. Incentivei que ela criasse um blog e, como os textos dela eram mais coerentes - e genialmente mais brilhantes - que os meus (eles realmente falavam de alguma coisa e não de coisas soltas na cabeça de uma adolescente chamada Vitória), fui aos poucos parando de publicar.

Honestamente, meus posts eram mais releituras (para ser elegante! kkkk) de textos, poesias, músicas e fotos de outras pessoas do que necessariamente textos que dissessem algo sobre mim ou sobre qualquer coisa atraísse a atenção de quem estivesse do outro lado da tela. Muito raras exceções eu discorria de assuntos adolescentes (quase infantis) comuns a minha idade de sonhos e expectativas.

Passados alguns anos, essa amiga e eu nos distanciamos (ironicamente, graças ao blog que eu mesma incentivei a criação... talvez um dia eu fale sobre isso, quem sabe...) e finalmente eu parei de insistir nessa coisa de querer ser uma blogueira!
...
O tempo passou. Eu me formei na faculdade. Me casei. Tomei rumos diferentes e comecei a pensar que talvez 85% dos nossos problemas estejam ligados a falta de comunicação. Pensei que muitas vezes, perdemos um tempão tentando dizer o que pensamos e sentimos sem que as pessoas que estão a nossa frente consiga entender ou mesmo ouvir o que sai da nossa boca e coração.

Também pensei que as vezes seja mais fácil expressar com lápis e papel - ou com o teclado e computador (olha aí, a Vitória cheia de graça de novo!!!), do que com as palavras e gestos. Acho que isso acontece porque as pessoas não tem mais tempo de parar e nos ouvir e por essa razão, por mais que se use um português polido e requintado, o ouvinte não consegue compreender as entrelinhas do que se queria dizer. Não sei se todo mundo é assim, mas as vezes penso que eu falo árabe! As pessoas simplesmente não entendem!!! Então resolvi escrever de novo! Pelo menos não vou morrer engasgada!!

Francamente, não sei se meus posts serão lidos. Na verdade, não sei se eu quero que sejam lidos.
Não sei qual será a periodicidade que novos textos serão publicados. Não consigo mensurar o quanto meu cérebro e coração serão capazes de produzir. E também não sei se as pessoas que lerão meus textos irão gostar ou não do que vão encontrar aqui. Só posso dizer, pelo menos a principio, que esse blog é meu. Foi criado para mim e por mim, como se fosse o meu caderninho de anotações e pensamentos que anda comigo por todos os lados, dentro da minha bolsa. Nele será possível encontrar meus pensamentos, minhas inquietações, minhas perspectivas enfim, um pouco de mim.

Ele não está sendo criado com o intuito de agradar a ninguém ou mesmo servir de referencia para formar opiniões e pensamentos. São apenas fragmentos das milhares de coisas que passam na minha cabeça e que eu decidi colocar no papel (ou no computador) por duas razões muito simples. A primeira: para que eu não corra o risco de morrer engasgada - como já disse anteriormente. E a segunda, e talvez mais importante: para que eu não venha ser traída por mim mesma, deixando cair no esquecimento os fragmentos dos meus pensamentos, que constituem quem eu de fato sou e quem eu ainda quero ser.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Flores em Vida

Algumas pessoas sabem que eu pego carona com minha tia para ir e voltar do trabalho. Hoje, depois do expediente, minha tia precisou buscar minha avó em uma consulta de rotina que já estava agendada. Como ela tinha aula na faculdade depois, pediu que eu voltasse para o Barreiro de ônibus com minha avó, de modo que eu pudesse acompanha-la no ponto do ônibus e até que chegasse perto da sua casa. Assim o fiz.Entramos no ônibus e ela se assentou em um lugar preferencial que dois jovens haviam acabado de liberar e eu fiquei ao lado dela.Enquanto o ônibus descia a Av. Amazonas em direção ao Barreiro, ela olhava da janela e as vezes fazia algum comentário que me fazia rir. Eu ria, não dela ou do comentário, mas da forma ingênua como ela ainda conseguia ver o mundo louco e movimentado que vivemos.Eu comecei a observa-la e observei suas mãos segurando no banco da frente. Fiquei pensando no quanto aquelas mãos já haviam trabalhado na maquina de costura (diz a 'lenda' que foi através da costura que minha avó fazia que meus pais se conheceram - ou quase isso! Rs), o quanto aquelas mãos já haviam cozinhado (acreditem, não consigo imaginar a casa dela vazia, então certamente, ela já alimentou com o trabalho das suas mãos muito mais gente do que minha pequena capacidade pode mensurar!) e ainda o quanto aquelas mãos já haviam cuidado dos filhos, enteados e netos.Olhei novamente para minha avó e pensei no quanto a mamãe se parece com ela. Embora minha mãe não possua algumas das maiores habilidades da vó, (principalmente no que diz respeito à habilidade de preparar deliciosos quitutes e fazer pequenos consertos!), elas se parecem muito, principalmente fisicamente, e honestamente, eu não consigo olhar para minha mãe sem ver nela o reflexo da minha Vó Maria, que lutou e sofreu muito para criar a mamãe - e minha tia - num tempo tão duro e triste. Ambas são mulheres guerreiras, que admiro e respeito!Enquanto eu ainda olhava para ela alí no ônibus, fiquei pensando em quantas vezes eu já havia dito que a amava e demonstrado o quanto ela é importante para mim. Sinceramente, me lembro de ter dito isso para ela apenas uma vez, há algum tempo atrás, e a resposta dela foi bem tipo "d. Maria": - ah tá! Obrigada! (Rsrs)Quando cheguei em casa, fiquei pensando em todas essas coisas e me bateu uma certa tristeza...Meu START ligou! Eu percebi que nada dura para sempre e que um dia tudo o que vivemos ou as experiências pelas quais passamos não vão mais existir.Pensei que quando nós não mais existirmos, por mais que algumas pessoas nos amem quase que incondicionalmente, um dia elas também morrerão e com isso, nós seremos esquecidos pois elas levarão consigo as lembranças que nos mantiam vivos de alguma forma. E isso é um ciclo e é, infelizmente, inevitável!Pensei que como já diziam as Escrituras (e foi "parafraseado" por Niemeyer!) "a vida é um sopro" e quando menos nos dermos conta tudo terá simplesmente passado. Acabado. Chegado ao fim.E voltei a pensar na simplicidade da minha avó ali dentro do ônibus...Pensei no Flavio que eu amo mais do que eu consigo explicar. Pensei nos meus pais, que eu amo incondicionalmente. Pensei nos meus irmãos que são um pedaço significativo da minha história. Pensei no meu sogro - que já descansa no Senhor e me faz tanta falta! Pensei na minha sogra que é única! Certamente eu vou viver a vida toda e mais uns tres anos e não vou ter noticia de uma sogra como a D. Lúcia! Pensei nos meus cunhados, alguns muito próximos outros mais distantes. Pensei nos meus sobrinhos e afilhado que eu amo tanto. Pensei nos meus tios, nos meus amigos, nos meus pastores, nos colegas de trabalho... Pensei em tanta gente que eu queria abraçar e poder prolongar a vida por mais um instante...Pensei em uma música que eu gosto muito e que já fazia algum tempo que eu não ouvia. Ela diz:"Já não alcanço o passadoMeus limites percebiO hoje é tudo o que tenho, isso entendi Preciso trazer à memória histórias que desprezei Não posso me esquecer, tenho que oferecerFlores em VidaEnquanto é dia"Espero poder ter tempo para oferecer todas as flores que preciso entregar, enquanto é dia.


(Texto extraído do meu facebook. Postado originalmente me 29/05/205 as 23:35hs)